CRISE DO VAZIO

A pior crise para qualquer nação é a crise do vazio. Enfrentamos a crise do vazio de lideranças, de escrúpulos, de honestidade, de respeito. Não existe alguém que sirva de exemplo. A cada dia surge uma nova forma de roubar, de desviar, de corromper, de sonegar, de enganar, de mentir e de aniquilar o país. As inverdades descabidamente tomam conta dos noticiários promovendo a descrença, o desespero e incitando a revolta. A covardia e a ganância são banalizadas e expostas diariamente como se fosse normal. As leis não são cumpridas ou se usa de todos os subterfúgios recorrendo às instâncias superiores e se pudessem até às divinas para para justificar ou safar das possíveis penalidades que quando acontecem são atenuadas a tal ponto que dá a impressão de que todo os esforços foram inúteis. Vivemos num tempo em que os bandidos viram heróis e os heróis são levados ao patamar de bandidos pelo simples bel prazer de quem deveria nos proteger. Gastam-se bilhões para limpar a podridão encravada por décadas no sistema governamental e outros bilhões para encobri-la novamente. Vivemos num tempo que, dependendo do paciente, nenhuma prova de qualquer natureza é válida, mostrando realmente a outra face da nossa suposta justiça. E os estudos científicos mesmo validados por todo o mundo são colocados à prova e substituídos por crendices e convicções próprias. Existe um vazio de propostas de enfrentamento aos reais problemas que assolam o país. Não há expectativas, nem perspectivas sérias de respeito às leis e ao estado de direito. Quem irá apostar um mísero centavo num país que escandalosamente institui o calote nos investidores. O povo quer trabalhar, quer ter renda para viver dignamente, sem depender do estado, sem assistencialismo. Povo feliz é aquele que vive do seu trabalho, de cabeça erguida num país onde os governantes trabalham para o povo e em benefício do cidadão. Temos um gigantesco potencial que está sendo jogado fora por falanges que usam suas prerrogativas para usurpar os esforços honestos de quem realmente trabalha.

Editorial
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